segunda-feira, 30 de abril de 2007

Os meus Filhos!

Observo de longe os pequenos passos incertos que dás, deixando escapar um suspiro inquieto em cada tropeço, mas mantenho-me firme e deixo-te cair. Levantas os olhos, meios chorões como quem pergunta porque não te acudo e eu parecendo uma fã de futebol encorajo-te a levantares-te como se nada fosse. E quando te ergues novamente, corres para mim sorrindo por teres conseguido sozinha, lanças o teu corpo frágil nos meus braços como para recuperares forças, dás-me um beijo como quem agradece e voltas à aventura sem mesmo o meu consentimento.

Os teus passos são agora mais largos, cresces sem que eu tenha dado conta. Já não tenho de mudar fraldas e as perguntas que me fazes por vezes surpreendem-me, talvez porque nunca as fiz ou simplesmente porque nunca tive de responder. Agora queres saber como nascem os meninos, porque o teu amigo da escola já não quer jogar a bola mas quer dar-te beijinhos. E eu pacientemente explico-te como nunca antes me explicaram.

Bolas, tu e as namoradas que não compreendes! Já te disse mais de mil vezes, quando elas não querem não insistas. As mulheres são complicadas, basta olhares para mim.
Mas continuo a aconselhar-te sobre as mensagens que deves mandar, o que deves dizer, ainda que não tenha a certeza, tento ajudar. É sempre difícil ver-te crescer.

Olho-te, de bengala na mão e pergunto-me como te posso ajudar.
Em tempos, já idos, eras capaz de me mandar bugiar apenas por perguntar se precisavas de algo. Hoje, sinto-te mais próximo, mais dependente, mais criança outra vez.
Hoje, olhando para ti, vejo mais um filho para alimentar, aquele que também eu fui, aquele a quem tu deste a mão, aquele que aconselhaste como se fosse teu, que alimentaste com carinho e sem nada pedir em troca.
Quero dar-te esse mesmo amor que me deste quando eu não entendia que o esforço do dia-a-dia não nos deixa tempo para sonhar.

Amo todos estes filhos que não são meus! Tão diferentes que eles são. Do maior ao mais pequeno, todos são meus sem nunca me pertencerem.

4 comentários:

thunderstorm disse...

Muito bom!!!!!
MMMuuuuuuuiiiitttttttooooo
BBBBBBoooommmmmmmm
Não é preciso dizer mais nada.

sm disse...

Obrigada stormy!
Tu sabes bem que sou a mãe exemplar, precisamente por não ter filhos :)

thunderstorm disse...

Pois... acredito que sim!
Mas axo que estás enganada numa coisa.. os filhos podem não te pertencer... no papel, mas no coração ...... a posse é total.
Beijos

mystique disse...

São meus e só meus!!
Todos esses filhos que não me pertencem! E todos eles, sem excepção dão graças a ter uma "mãe" como eu!!!