terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Realidade


Red Haze by *bazzabent on deviantART

Em ti o meu olhar fez-se alvorada
E a minha voz fez-se gorjeio de ninho...
E a minha rubra boca apaixonada
Teve a frescura pálida do linho...

Embriagou-me o teu beijo como um vinho
Fulvo de Espanha, em taça cinzelada...
E a minha cabeleira desatada
Pôs a teus pés a sombra dum caminho...

Minhas pálpebras são cor de verbena,
Eu tenho os olhos garços, sou morena,
E para te encontrar foi que eu nasci...

Tens sido vida fora o meu desejo
E agora, que te falo, que te vejo,
Não sei se te encontrei... se te perdi...

Florbela Espanca

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Sinto que se me arrancam as raízes por baixo dos pés… Não tenho pátria nem destino… Sou eterna vagabunda destinada a procurar o que nunca poderei encontrar…
Sim… É inútil debater-se contra exércitos imaginários quando o objectivo insiste fugir ao fim da batalha…
Deixa-me no silêncio da minha alma perdida… Já a vendi em troca das raízes que hoje se escapam da terra onde pensei poder pousar-me e descansar…
Entrego-te este coração que tanto espaço ocupa no meu peito e de nada serve… Fica com ele em memória do que um dia quiseste que eu fosse… Eu não sou nada e nem a ele mereço… Podes parti-lo em pedaços e espalhá-los ao vento se achares que serve para alguma coisa… Senão guarda-o contigo, pode ser que algum dia eu volte para recuperá-lo…
Adeus... Sê feliz...

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

TIC TAC...
TIC TAC...
TIME IS ALWAYS RUNNING OUT...
TIC TAC...
TIC TAC...
TIME IS PASSING BY...
TIC TAC...
TIC TAC...
THERE'S NO TIME...
TIC TAC...
TIC TAC...
TIME IS GONE...
TIC TAC...
TIC TAC...
IS TIME TO GO...

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Regresso à infância


Apocalypse by ~hunqwert on deviantART

Tudo parece morrer à minha volta...
As árvores são cortadas para se construir enormes blocos de betão...
Os animais desaparecem a olhos vistos porque os seus habitats são destruídos...
E o ser humano tem o que merece por tantas asneiras que faz:
Doenças e morte...

Mas pior do que isso é que morremos aos poucos...
Por falta de verdade...
Por perdermos os valores da vida...
Por nos erguermos com vaidades...
Por desejarmos mentiras...
Por vivermos às metades...
Por fugirmos aos nossos sonhos...
Por não lutarmos pela realidade...
Por nos ficarmos pelas aparências...
Por julgarmos como indecências tudo o que nos foge ao controle...

E vamos passando pelo mundo como se ele nos devesse algo...
Procurando em cada canto alguém para apontar como culpado...
E afinal somos todos joguetes nas mãos do destino...
Devendo a ele sim, como ao mundo em que vivemos,
Sermos quem somos e aprender o que aprendemos...

Hoje reconheço!
Devo-te muito... Nem sei bem quanto...
Perdi a conta... Não sei o balanço...
Mas pagar-te-ei com o meu ouro mais precioso:
o AMOR




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012


Carved in stone by ~red-s on deviantART

AQUI...
Queria-te aqui à minha frente,
para te poder falar com o olhar que não mente...
Queria inundar-te de palavras,
para depois poder salvar-te delas...
Quero-te aqui...
Para te mostrar, seja de que forma,
que o impossível de repente se torna possível...
Quero provar-te como o silêncio,
esse inimigo da distância,
pode ser o amigo da presença...
AQUI...
À minha frente...
Apresentar-te a fórmula mágica para acalmar a dor...
Eu... E.. TU...
Para Sempre...
- Como num epitáfio,
um doce adeus às viagens
que fazemos para nos reencontrar...
- Como numa árvore gravado,
símbolo de eterna adolescência,
onde tudo é possível se o quisermos...
E acreditamos sempre no que fazemos,
à espera da única certeza da vida...
...A morte...



terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Zero=Nada


Nothing to lose by ~MurphyL6 on deviantART

Há quem tenha um dom...
Há quem tenha para escrever...
Há quem tenha para falar...
Há quem tenha para fazer...
E há quem não tenha nada... E se contente com o nada que tem...

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Não... Desisto...


At the crossroads by *ralucsernatoni on deviantART

E agora?
Nesta encruzilhada da vida onde as perguntas são mais que as respostas, que fazer para encontrar o caminho?
Talvez seja melhor ficar aqui no meu cantinho à espera de um sinal...
Talvez...
Quem sabe?
Já dizia o outro "eu só sei que nada sei" mas mesmo assim com o nada que sei vou tomando decisões apenas seguindo o meu instinto e o que me diz o coração...
Que se lixe se me enganar... Eu preciso tentar...
Se tiver de voltar atrás para mudar de rumo então seja...
Tantas decisões erradas já tomei...
E mesmo assim sigo o meu destino esperando sempre que esta seja a decisão acertada...
Volto atrás... Mudo de rumo... Invento novos objectivos...
Tudo parece levar-me de volta ao passado... Aquele que quero enterrado como os erros que cometi...
Sim... Sou eu que mando na minha vida...
Mas não mando em mim...
Desisto de procurar razões para o que não tem razão...
Desisto porque é mais fácil baixar os braços do que lutar...
Mas como posso desistir do que sou se tudo o que sei fazer é lutar?
Enfrento a dor como uma amiga que me acompanha e orienta...
E sigo em frente por qualquer estrada que se me depare...
Não levo nada de valor mas tudo o que levo é sagrado...
Não tenho nada a oferecer mas levo comigo a verdade...