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AQUI...
Queria-te aqui à minha frente,
para te poder falar com o olhar que não mente...
Queria inundar-te de palavras,
para depois poder salvar-te delas...
Quero-te aqui...
Para te mostrar, seja de que forma,
que o impossível de repente se torna possível...
Quero provar-te como o silêncio,
esse inimigo da distância,
pode ser o amigo da presença...
AQUI...
À minha frente...
Apresentar-te a fórmula mágica para acalmar a dor...
Eu... E.. TU...
Para Sempre...
- Como num epitáfio,
um doce adeus às viagens
que fazemos para nos reencontrar...
- Como numa árvore gravado,
símbolo de eterna adolescência,
onde tudo é possível se o quisermos...
E acreditamos sempre no que fazemos,
à espera da única certeza da vida...
...A morte...
Queria-te aqui à minha frente,
para te poder falar com o olhar que não mente...
Queria inundar-te de palavras,
para depois poder salvar-te delas...
Quero-te aqui...
Para te mostrar, seja de que forma,
que o impossível de repente se torna possível...
Quero provar-te como o silêncio,
esse inimigo da distância,
pode ser o amigo da presença...
AQUI...
À minha frente...
Apresentar-te a fórmula mágica para acalmar a dor...
Eu... E.. TU...
Para Sempre...
- Como num epitáfio,
um doce adeus às viagens
que fazemos para nos reencontrar...
- Como numa árvore gravado,
símbolo de eterna adolescência,
onde tudo é possível se o quisermos...
E acreditamos sempre no que fazemos,
à espera da única certeza da vida...
...A morte...
13 comentários:
CALHAU
"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio"
Vem sentar-te comigo Lídia, à beira do rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos.)
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer nao gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassosegos grandes.
Sem amores, nem ódios, nem paixões que levantam a voz,
Nem invejas que dão movimento demais aos olhos,
Nem cuidados, porque se os tivesse o rio sempre correria,
E sempre iria ter ao mar.
Amemo-nos tranquilamente, pensando que podiamos,
Se quiséssemos, trocar beijos e abraços e carícias,
Mas que mais vale estarmos sentados ao pé um do outro
Ouvindo correr o rio e vendo-o.
Colhamos flores, pega tu nelas e deixa-as
No colo, e que o seu perfume suavize o momento -
Este momento em que sossegadamente nao cremos em nada,
Pagãos inocentes da decadência.
Ao menos, se for sombra antes, lembrar-te-as de mim depois
Sem que a minha lembrança te arda ou te fira ou te mova,
Porque nunca enlaçamos as mãos, nem nos beijamos
Nem fomos mais do que crianças.
E se antes do que eu levares o o'bolo ao barqueiro sombrio,
Eu nada terei que sofrer ao lembrar-me de ti.
Ser-me-ás suave à memória lembrando-te assim - à beira-rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Ricardo Reis
As mulheres voam
como os anjos
Com as suas asas feitas
de cristal de rocha da memória
Disponiveis
para voar
soltas...
Primeiro
lentamente uma por uma
Depois,
iguais aos passaros
fundas...
Nadando,
juntas
Secreta a rasar o
chão
a rasar a fenda
da lua
no menstruo
por entre a fenda das pernas
Às vezes é o aço
que se prende
na luz
A dobrarmos o espaço?
Bruxas
pomos asas em vassouras
de vento
E voamos
Como as asas
lhe cresciam nas coxas
diziam dela
que era um anjo do mar
Rondo alto,
postas em nudez de ombros
e pernas
perseguindo,
pelos espaços,
lunares
da menstruação
e corpo desavindo
Não somos violencia
mas o voo
quando nadamos
de costas pelo vento
até à foz do tempo
no oceano denso
da nossa própria voz
Sabemos distinguir
a dormir
os anjos das rosas voadoras
pelo tacto?
Somos os anjos
do destino
com a alma
pelo avesso
do utero
Voamos a lua
menstruadas
Os homens gritam
- são as bruxas
As mulheres pensam
- são os anjos
As crianças dizem
- são as fadas
Fadas?
filigrama cintilante
de asas volteando
no fundo da vagina
Nadamos?
De costas,
no espaço deste século
Mudar o rumo
e as pernas mais ao
fundo
portas por trás
dobradas pelos rins
Abrindo o ar
com o corpo num só golpe
Soltas,
viando
até chegar ao fim
Dizem-nos
que nos limitemos ao espaço
Mas nós voamos
também
debaixo de água
Nós somos os anjos
deste tempo
Astronautas,
voando na memória
nas galáxias do vento...
Temos um pacto
com aquilo que
voa
- as aves
da poesia
- os anjos
do sexo
- o orgasmo
dos sonhos
Não há nada
que a nossa voz não abra
Nós somos as bruxas da palavra
Maria Teresa Horta
anónimo... traduzindo??? Somos anjos e bruxas??? Isso é muito longo...
pudica é o que és
sou!!! Com muito pudor!!! :-)
O que é bonito neste mundo, e anima,
É ver que na vindima
De cada sonho
Fica a cepa a sonhar outra aventura...
E que a doçura
Que se não prova
Se transfigura
Numa doçura
Muito mais pura
E muito mais nova...
Miguel Torga
sm e Anónimo:
"Nunca amamos ninguém. Amamos, tão somente,
a ideia que fazemos de alguém. É a um conceito
nosso - em suma, é a nós mesmos - que amamos.
Isso é verdade em toda a escala do amor"
Bernardo Soares in Livro do Desassossego
Mandaste-me dizer,
No teu bilhete ardente,
Que hás-de por mim morrer,
Morrer muito contente.
Lançaste no papel
As mais lascivas frases;
A carta era um painel
De cenas de rapazes!
Ó cálida mulher,
Teus dedos delicados
Traçaram do prazer
Os quadros depravados!
Contudo, um teu olhar
É muito mais fogoso,
Que a febre epistolar
Do teu bilhete ansioso:
Do teu rostinho oval
Os olhos tão nefandos
Traduzem menos mal
Os vícios execrandos.
Teus olhos sensuais
Libidinosa Marta,
Teus olhos dizem mais
Que a tua própria carta.
As grandes comoções
Tu, neles, sempre espelhas;
São lúbricas paixões
As vívidas centelhas...
Teus olhos imorais,
Mulher, que me dissecas,
Teus olhos dizem mais,
Que muitas bibliotecas!
cesário verde
No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade…
A nuvem que arrastou o vento norte…
- Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço…
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças…
Florbela Espanca
É possível falar sem um nó na garganta
é possível amar sem que venham proibir
é possível correr sem que seja fugir.
Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.
É possível andar sem olhar para o chão
é possível viver sem que seja de rastos.
Os teus olhos nasceram para olhar os astros
se te apetece dizer não grita comigo: não.
É possível viver de outro modo. É
possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.
Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.
É possível viver sem fingir que se vive.
É possível ser homem.
É possível ser livre livre livre.
Manuel Alegre
AQUI...
Queria-te aqui à minha frente,
para te poder falar com o olhar que não mente...
(o olhar por vezes mente)
Queria inundar-te de palavras,
(não me afogues)
para depois poder salvar-te delas...
(a única salvação para as palavras é o silêncio)
Quero-te aqui...
Para te mostrar, seja de que forma,
que o impossível de repente se torna possível...
(o impossível, será sempre impossível)
Quero provar-te como o silêncio,
esse inimigo da distância,
pode ser o amigo da presença...
AQUI...
À minha frente...
Apresentar-te a fórmula mágica para acalmar a dor...
(não existe uma fórmula mágica… a dor passa com o tempo e a compreensão dos factos)
Eu... E.. TU...
Para Sempre...
- Como num epitáfio,
um doce adeus às viagens
que fazemos para nos reencontrar...
- Como numa árvore gravado,
símbolo de eterna adolescência,
(quero crescer, a adolescência já passou… felizmente…)
onde tudo é possível se o quisermos...
(nem tudo é possível)
E acreditamos sempre no que fazemos,
à espera da única certeza da vida...
...A morte...
(nisso tens razão =) )
Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.
Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!
Eugénio de Andrade
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